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‘Vaca louca’: Exportadores esperam voltar a vender para a China até o fim de março

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País é o maior comprador da carne bovina brasileira; negociações foram suspensas por caso da doença no Pará

(PABLO PORCIUNCULA/AFP/Getty Images)

Os exportadores de carne bovina brasileira esperam que a reversão do embargo às vendas para a China seja revertida rapidamente, até o fim de março. Os embarques foram suspensos depois que um boi foi diagnosticado com vaca louca, no interior do Pará.

O governo do estado afirma que se trata de um caso atípico, ou seja, que não representa riscos para o rebanho e para os homens. Mas isso precisa ser confirmado por exames de laboratório.

O material foi encaminhado para o Canadá e os testes serão feitos na próxima semana, segundo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

A China é atualmente o principal comprador de carne bovina do Brasil. No ano passado, a exportação do produto foi o equivalente a US$ 11,8 bilhões e o país asiático foi responsável por US$ 7,95 bilhões desse total, cerca de 60% do montante.

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A comercialização foi suspensa nesta quinta-feira, seguindo protocolo sanitário entre os dois países, estabelecido em 2015.. O acordo entre os países foi estabelecido após um longo embargo da China à carne bovina produzida aqui — entre dezembro de 2012 e julho de 2014 — quando houve registro de caso atípico de doença da vaca louca no Paraná. O caso mais recente, todavia, foi em setembro 2021, quando a suspensão foi superior a três meses.

— Estamos considerando que o embargo por parte da China, dessa vez, vai ser rápido, ao contrário do que aconteceu em 2021, último registro de vaca louca no país. O protocolo foi cumprido, tudo está sendo feito com correção e transparência. Além disso, não há carne sobrando no mercado, nenhum país conseguirá suprir a demanda da China em nosso lugar. Em aproximadamente 30 dias a situação acredito que a situação será normalizada — afirma José Augusto de Castro, presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

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A carne bovina fresca ficou entre os três produtos do agrícolas mais exportados de 2020 a 2022. O comércio do produto com a China vinha crescendo. Em 2021, quando foram exportados US$ 7,90 bilhões de carne bovina, a China foi responsável por US$ 3,9 bilhões do total.

Os exportadores, porém, veem um impacto pequeno da suspensão das exportações. José Augusto de Castro também cita que a diplomacia entre os dois países agora está mais favorável que em 2021, quando havia turbulências nas relações entre o então governo Jair Bolsonaro e Pequim.

— As relações diplomáticas, neste momento, entre Brasil e China, são muito boas. Em 2021, nós tínhamos algumas rugas internas aqui. Então, na verdade, é o ambiente político mais favorável — diz o representante da AEB.

Desde 2020, a China passou a credenciar mais frigoríficos do país, o que aumento a oferta para o país asiático.

— A pandemia influenciou no aumento da demanda da China, porque as pessoas ficaram mais em casa e consumiram mais. Além disso, o maior credenciamento (de frigoríficos) cria a expectativa de você exportar mais, porque o frigorífico que hoje não é credenciado, só pode vender no mercado interno. A partir do momento que estiver credenciado, é permitido exportar para o mercado externo. E, com uma taxa de câmbio favorável (ao produtor), seria melhor exportar — diz.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) é outra grande entidade representativa do setor que vê rapidez nas negociações entre Brasil e China para voltar à comercialização da carne bovina. Bruno Lucchi, diretor técnico da Confederação, defende a revisão do protocolo sanitário entre os países.

— Esperamos um retorno imediato às exportações brasileiras para a China. Já é hora de rever esse protocolo chinês. Assim que for identificado que o caso é atípico, (deveria) haver uma retomada imediata das exportações. Não precisa de uma nova equipe sanitária para vistorias. Vamos levar esse debate ao Ministério da Agricultura. O produtor rural para não ter mais prejuízo — defende

Entenda o caso

A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) confirmou na última nesta quinta-feira que o bovino de 9 anos de idade, identificado com o “mal da vaca louca”, foi abatido e incinerado. Por ser um caso isolado e um em um animal mais velho, a agência acrescer se tratar de um caso “atípico”, com desenvolvimento natural da doença.

O oposto seria um caso “clássico”, quando há risco de disseminação ao rebanho e ao ser humano. Uma amostra foi encaminhada para um laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OMAS) em Alberta, no Canadá, onde será confirmada a natureza do caso.

O Ministério ressalta que a confirmação do caso não afeta a carne para consumo no mercado brasileiro e nem representa risco aos consumidores. Para a doença típica (clássica), os bovinos precisam ingerir alimento com proteína ou gordura animal – alimentação proibida na pecuária brasileira desde 2004, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

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