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Um possível governo com Kirchner deve afastar Argentina do Brasil

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Alberto Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como candidata a vice, obteve 47% do votos em prévias para as eleições de outubro

Cristina Kirchner e Alberto Fernandéz: chapa faz oposição ao atual presidente, Maurício Macri (Agustin Marcarian/Reuters)

São Paulo – A Argentina começa a semana em renovado clima de tensão política e econômica depois de o atual presidente, Mauricio Macri, ter sofrido uma estrondosa derrota nas primárias realizadas neste domingo (11).

Os eleitores foram às urnas, em votação obrigatória, escolher os cabeças de chapa para o pleito de 27 de outubro — mas, como os nomes já estavam definidos, tratou-se, na prática, de uma enorme pesquisa eleitoral a dois meses das eleições.

Alberto Fernández, da Frente de Todos, que tem a ex-presidente Cristina Kirchnercomo candidata a vice, obteve 47% do votos, uma vantagem de quase 15 pontos percentuais para Macri, da coalizão Juntos pela Mudança, que tinha 32% com 80% das urnas apuradas.

O presidente argentino tem o apoio de influentes políticos de direita, como do americano Donald Trump e do brasileiro Jair Bolsonaro, mas sofre com as reiteradas dificuldades econômicas do país.

A economia do país encolheu 2,5% em 2018 e deve recuar mais 1,5% este ano, com a inflação na casa dos 40%. Ciente de que suas medidas liberais não alcançaram os resultados econômicos desejados, Macri anunciou como vice de sua chapa o senador Miguel Ángel Pichetto, ex-aliado de Kirchner e um dos principais nomes do peronismo, em junho.

O resultado das urnas tende a levar instabilidade para os mercados. Macri é um aliado essencial do Brasil nas negociações para um acordo entre Mercosul e União Europeia, além de a Argentina ser historicamente um grande mercado comprador de produtos brasileiros — foram 15 bilhões de dólares em 2018. Num cenário de guerra comercial global, seria péssimo para o governo Bolsonaro ter um governo kirchnerista no poder.

Na terceira posição vem o ex-ministro Roberto Lavagna, do Consenso Federal, com 8%. Se repetir o desempenho em outubro, o candidato kircherista seria eleito em primeiro turno — para o que precida de 45% dos votos ou de 10 pontos de vantagem.

“Tivemos uma eleição ruim e isso nos obriga a redobrar os esforços para que em outubro consigamos o apoio necessário para continuar com a mudança”, disse Macri.

E bota ruim nisso. Analistas calculavam que uma diferença na casa dos cinco pontos percentuais a favor de Fernández seria administrável para Macri, que tende aglutinar votos dos eleitores de centro na reta final da campanha. Em relatório, o banco Goldman Sachs afirmou que uma diferença acima de 7 pontos poderia ser “um obstáculo insuperável”.

Para piorar a situação governista, o ex-ministro da Economia de Cristina, Axel Kicillof, venceu as prévias para a província de Buenos Aires. Após a confirmação dos resultados, Fernández afirmou que “nunca fomos loucos governando”, além de ter tratado de reduzir a polarização: “acabou o conceito de vingança”. Além disso, twitou agradecendo a Roberto Lavagna, cujos 8% conquistados são, agora, mais do que essenciais para Macri.

 

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