De acordo com organizadores, protesto é uma resposta à queima do Alcorão islâmico em junho. Ato está marcado para ocorrer em frente à embaixada de Israel.
Após a queima pública de um Alcorão na Suécia há duas semanas, a polícia de Estocolmo autorizou uma manifestação neste sábado (15/07) na qual serão queimadas cópias da Torá, o livro sagrado dos judeus, e da Bíblia, o livro sagrado dos cristãos.
A porta-voz da polícia sueca, Carina Skagerlind, disse em entrevista à agência de notícias AFP que a autorização não se refere a um pedido oficial para queimar publicamente a Torá e a Bíblia, mas a uma reunião na qual uma “opinião” seria expressa.
“Isso é uma diferença importante”, ressaltou Skagerlind.
No entanto, no registro da manifestação, os organizadores anunciaram que exemplares da Torá e da Bíblia seriam queimados. Segundo o requerente, a ação é uma reação à queima do Alcorão islâmico no final de junho, que também ocorreu com aprovação oficial, sob o argumento de “liberdade de expressão”.
Para os organizadores da nova manifestação, o objetivo é “expor a hipocrisia sueca”.
Críticas de Israel
A aprovação concedida foi alvo de fortes críticas em Israel e entre as organizações judaicas.
“Como presidente do Estado de Israel, condenei a queima do Alcorão, sagrado para os muçulmanos em todo o mundo, e parte meu coração agora que o mesmo destino aguarde uma Torá, o livro eterno do povo judeu”, disse o presidente israelense, Izchak Herzog.
Ele condenou “a permissão para queimar livros sagrados nos termos mais fortes”.
Segundo ele, permitir a desfiguração de textos sagrados não é um exercício de liberdade de expressão, mas uma incitação óbvia e um ato de puro ódio. O mundo inteiro deve se unir e condenar claramente esse “ato hediondo”, disse Herzog.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, escreveu no Twitter:
“O Estado de Israel leva muito a sério esta decisão vergonhosa, que prejudica o santíssimo do povo judeu”.
אני מגנה בתוקף את החלטת הרשויות בשבדיה לאפשר שריפת ספר תנ״ך מול שגרירות ישראל במדינה. מדינת ישראל רואה בחומרה רבה את ההחלטה המבישה הזאת שפוגעת בקודש הקודשים של העם היהודי. יש לכבד את הספרים המקודשים לכל הדתות.
— Benjamin Netanyahu – בנימין נתניהו (@netanyahu) July 14, 2023
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, pediu às autoridades suecas que evitem a queima.
Queima do Alcorão
No final de junho, no primeiro dia da Festa Islâmica do Sacrifício, o iraquiano Salwan Momika, de 37 anos, pisou várias vezes em uma cópia do Alcorão em frente à principal mesquita de Estocolmo, enquanto agitava a bandeira sueca. Ele colocou tiras de bacon, alimento consideram impuro pelos muçulmanos, no livro e queimou algumas páginas. O ato desencadeou violentos protestos no mundo muçulmano.
A polícia justificou a aprovação do protesto de Momika como “liberdade de expressão”. No entanto, mais tarde, abriu uma investigação sobre “incitação contra um grupo étnico”, uma vez que Momika realizou o ato perto de uma mesquita.
Iraque, Emirados Árabes Unidos e Marrocos convocaram os embaixadores suecos para explicações.