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‘Situação é preocupante’, diz enfermeira da Saúde sobre baixa procura pela vacina da poliomielite no DF

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Entre 8 de agosto e esta sexta-feira (23), foram aplicadas 49.480 doses do imunizante em crianças de 1 a 4 anos. Cobertura vacinal da campanha está em 30,9%, meta é 95%.

Criança recebendo vacina gotinha contra poliomielite — Foto: Bullit Marquez/AP

A cobertura vacinal na campanha contra poliomielite no Distrito Federal está em 30,9%. A meta da campanha, que começou no dia 8 de agosto, era de vacinar 95% das crianças, no entanto, até esta sexta-feira (23), apenas 49.480 crianças entre 1 e 4 anos receberam o imunizante.

Segundo a Secretaria de Saúde, em Brasília, cerca de 160 mil crianças estão na faixa etária de 1 a 4 anos e 11 meses. Para que os pais levem os filhos aos postos, a campanha foi prorrogada até o dia 30 de setembro. A enfermeira da área técnica de imunização da Secretaria de Saúde do DF alerta para a importância da imunização.

“A situação é muito preocupante e um dos fatores é a falta de conhecimento sobre a própria doença. As pessoas acham que ela deixou de existir mas, sem cobertura vacinal, o risco de voltar é grande. O vírus ainda circula pelo mundo”, diz Fernanda Ledes.

A vacina contra poliomielite é aplicada durante todo o ano nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). As campanhas são realizadas para reforçar a importância da imunização, mas a procura está caindo a cada ano.

Dados da Secretaria de Saúde mostram que de 2017 a 2021, a cobertura caiu consideravelmente. Veja gráfico abaixo:

Série histórica da cobertura vacinal contra poliomielite no DF — Foto: Secretaria de Saúde/Divulgação

Série histórica da cobertura vacinal contra poliomielite no DF — Foto: Secretaria de Saúde/Divulgação

“Isso tem acontecido com várias vacinas do calendário vacinal que não têm atingido as metas nos últimos tempo. Seja influenza, pólio, sarampo, é como se as pessoas não dessem o devido valor”, diz a enfermeira Fernanda Ledes.

Ela explica que a poliomielite ainda não foi erradicada, mas que é considerada eliminada nas Américas, desde os anos 90, em função das campanhas feitas. “A gente espera que as pessoas aproveitem esse momento, as ações, e levem as crianças para vacinar”, diz.

A poliomielite não tem tratamento específico e as sequelas são permanentes. No Distrito Federal, a doença não é registrada desde 1987.

Sobre a pólio

A poliomielite, também chamada de “paralisia infantil”, é uma doença infectocontagiosa transmitida por um vírus. Ela é caracterizada por um quadro de paralisia flácida.

O início é repentino, e a evolução do déficit motor ocorre, em média, em até três dias. A doença acomete, em geral, os membros inferiores, de forma assimétrica, e tem como principal característica a flacidez muscular.

O Brasil está livre da poliomielite desde 1990, segundo o Ministério da Saúde. Em 1994, o país recebeu a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus Selvagem da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Zé Gotinha

Zé Gotinha — Foto: Reprodução/JN

Zé Gotinha — Foto: Reprodução/JN

No início das campanhas de imunização, na década de 1980, o personagem “Zé Gotinha” virou mascote e símbolo da erradicação da poliomielite no Brasil. Na época, uma campanha de saúde pública foi organizada para erradicar a doença responsável pela paralisia infantil.

No DF, o pico da epidemia de poliomielite foi em 1986, e o último caso foi registrado um ano depois, em 1987. As campanhas de imunização ganharam reforço com o personagem e passaram a ser rotina.

Em 1988, Zé Gotinha saiu dos panfletos e virou mascote, a partir de uma sugestão de uma criança do Paraná. De acordo com o criador do personagem, Darlan Rosa, depois disso “as campanhas de imunização passaram a ser um sucesso”.

Naquele ano, a cobertura no DF foi de 100%. Depois disso, Zé Gotinha passou a fazer parte de outras campanhas como a de sarampo, da rubéola, da caxumba e da hepatite.

Em 1994, o personagem foi apresentado na Disney, e ganhou o mundo. Zé Gotinha esteve em 150 países, como Angola, onde havia alto índice de poliomielite e a erradicação ocorreu em três anos trabalho.

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