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Sim, é possível ser dependente de telas

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Marcio Atalla: O celular é a última coisa que você pega antes de dormir e a primeira ao acordar? Cuidado

Pesquisas cientificas já comprovam que o vício em telas, sobretudo em smartphones conectados à internet, é real. É um vício como qualquer outro, que altera o comportamento e a maneira como o cérebro funciona. A chegada das telas, nas décadas passadas, em forma de TV e de computador residencial, já foi um grande impacto na construção do comportamento sedentário e do início de uma grande mudança na forma como interagimos uns com os outros. Atualmente, com o grande avanço tecnológico, esse quadro só piorou.

Mas como não falar das maravilhas em se ter o mundo ao alcance das mãos? Ter a possibilidade de resolver os mais variados problemas com a utilização apenas de um teclado? Agendamentos médicos, transferências bancárias, rastreamento de pessoas em caso de urgência, ligações em vídeo para matar saudades daqueles que estão fisicamente muito longe… A tecnologia nos trouxe muitas possibilidades, podemos e devemos usá-las, claro.

No entanto, temos que lidar com esse tema de forma muito consciente. Saber o que toda essa facilidade tecnológica pode fazer de bem e o que pode fazer de mal. Segundo um estudo feito por médicos psiquiatras de universidades japonesas e alguns americanos de Universidade de Portland, envolvendo estudantes universitários, o uso da Internet mudou drasticamente nossas vidas e também a maneira como nos comunicamos. Os usuários estão cada vez mais conectados à Internet, e o tempo gasto com pessoas no mundo real só diminui. Os homens geralmente se isolam para se envolver em jogos online, enquanto que as mulheres preferem passar tempo na mídias sociais. A associação com quadros de depressão e ansiedade já é comprovada, com maior incidência entre mulheres.

Mas por que será que as pessoas perdem tanto tempo, e a maior parte dele, em redes sociais, vendo pouco conteúdo relevante, postando fotos, deixando comentários etc.? Porque as pessoas falam de si mesmas em 90% do tempo e recebem feedback como likes e comentários de forma imediata. Segundo uma pesquisa feita pela Universidade de Harvard, esse comportamento gera um mecanismo de recompensa no cérebro, graças à liberação de hormônios ligados ao prazer, como a dopamina, a endorfina, a ocitocina e a serotonina. O grande problema é que esse prazer é efêmero, e, em busca de mais momentos de prazer como esse, a pessoa não consegue viver e aproveitar o mundo real, mas apenas transformá-los em postagens. Enfim, a felicidade e a autoestima dependem do número de curtidas e da repercussão que recebem nas redes sociais.

Claro que adolescentes e crianças são os mais vulneráveis, e para eles a atenção deve ser ainda maior. Não apenas porque iniciam o uso das telas desde pequenos, o que aumentam as chances de criar dependência, mas principalmente, porque a maturação total do cérebro só acontece a partir dos 21 anos, e com ela, a maior capacidade de autocontrole, de “frear” comportamentos perigosos ou inadequados.

Mas atenção! Ser adulto não é salvo-conduto para evitar o vício. Muitos insistem em dizer que não são dependentes, mas mantém um comportamento bem diferente do que a própria percepção que tem de si mesmos em relação às telas, sobretudo celulares. Portanto, se você leva seu celular pro banheiro, não consegue se sentar à mesa para uma refeição sem que ele esteja em seu campo de visão, e é a última coisa que você pega antes de dormir e a primeira ao acordar, sim, você pode estar tão dependente que nem percebe, e seu comportamento é de negação. Vale uma autorreflexão!

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