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Quem é Marwa, a jovem de 18 anos que enfrentou o Talibã sozinha

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Na terça-feira passada, o governo talibã baniu as mulheres do ensino universitário, o que provocou indignação da comunidade internacional

Estudante afegã Marwa protesta em 25 de dezembro de 2022 em Cabul contra proibição da universidadde para mulheres (AFP/Reprodução)

No domingo, 25, Marwa, uma jovem de 18 anos, desafiou os talibãs armados estacionados em Cabul, com seu cartaz reivindicando o direito das mulheres à educação no Afeganistão.

“Pela primeira vez na minha vida, me senti muito orgulhosa, forte e poderosa, porque me levantei contra eles e reivindiquei um direito que Deus nos deu”, disse Marwa à AFP, recusando-se a informar seu sobrenome.

Na terça-feira passada (20), o governo talibã baniu as mulheres do ensino universitário, o que provocou indignação da comunidade internacional.

Alguns grupos de mulheres organizaram manifestações esporádicas contra a proibição, mas as autoridades rapidamente dispersaram a multidão. Marwa, por sua vez, optou por protestar sozinha.

A jovem visitou a Universidade de Cabul, a maior e mais importante do instituição de ensino do país, no domingo. Por cerca de dez minutos, Marwa, filmada por sua irmã de um carro, manteve-se, corajosa, diante dos guardas talibãs posicionados na entrada do estabelecimento.

Em um vídeo obtido pela AFP, ela aparece segurando, silenciosamente, um cartaz, no qual estava escrito “Iqra” (“Ler”, na tradução do árabe).

“Enquanto isso, eles (os talibãs) me insultaram, mas fiquei tranquila”, disse Marwa à AFP. “Queria mostrar o poder de uma adolescente afegã e mostrar que mesmo uma pessoa sozinha pode se levantar contra a opressão”, explica.

“Quando minhas outras irmãs (estudantes) virem que uma jovem sozinha se ergueu contra o Talibã, isso vai ajudá-las a fazer o mesmo e a vencê-los”, acrescentou.

O que vem acontecendo no Afeganistão?

As manifestações de mulheres são cada vez menos frequentes no Afeganistão desde que os talibãs recuperaram o controle do país em agosto de 2021. As participantes são, regularmente, detidas e sujeitas à violência.

Poucos dias depois da proibição de acesso das mulheres ao ensino universitário, as autoridades também ordenaram que as ONGs parassem de trabalhar com mulheres.

Os talibãs alegam que ambas as proibições foram decididas porque as mulheres não respeitavam o código de vestimenta islâmico. No Afeganistão, as mulheres são obrigadas a cobrir o rosto e o corpo inteiro.

Nos últimos 16 meses, os talibãs também proibiram os acesso das adolescentes ao Ensino Médio e de mulheres a boa parte dos cargos públicos. Foram, ainda, proibidas de viajar de avião sem parente masculino, visitar parques, academias e banhos públicos.

Para Marwa, que sonha em ser pintora, morar no Afeganistão é como viver em uma prisão. “Não quero ser presa. Tenho grandes sonhos que quero realizar. Por isso, decidi protestar”, afirma.

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