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Parlamento da UE remove vice-presidente acusada de corrupção

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Eurodeputada grega Eva Kaili foi detida em investigação sobre compra de apoio político supostamente pelo Catar. Promotoria cita “sacos de dinheiro”.

O Parlamento Europeu destituiu nesta terça-feira (13/12) Eva Kaili do seu cargo de vice-presidente do Legislativo do bloco europeu – o órgão tem no total 14 vice-presidentes. A eurodeputada grega segue detida e está no centro de um escândalo de corrupção supostamente ligado ao Catar, país-sede da Copa do Mundo de 2022.

Embora o advogado de Kaili tenha declarado que ela era inocente e que ela “não tem nada a ver com subornos do Catar”, os eurodeputados aprovaram a sua destituição com 625 votos a favor, um contrário e duas abstenções.

A presidente do Parlamento Europeu, a conservadora maltesa Roberta Metsola, convocou a votação depois de ter chegado a um acordo com os líderes dos grupos políticos do órgão, em meio a temores de que o escândalo se espalhasse.

Enquanto os eurodeputados buscam se distanciar de respingos do caso, Kaili, uma ex-apresentadora de televisão de 44 anos, segue detida em Bruxelas. Nesta quarta-feira, um juiz belga decidirá se mantém ou não Kaili e outros três acusados sob custódia enquanto aguardam julgamento.

Kaili foi presa na semana passada durante uma operação de busca e apreensão executada por investigadores belgas em casas e escritórios de alguns eurodeputados e seus assistentes.

“Sacos de dinheiro”

Promotores belgas relataram que 600 mil euros foram encontrados na casa de um suspeito, 150 mil euros no apartamento de um parlamentar e várias centenas de milhares de euros numa mala num quarto de hotel. Alguns desses “sacos de dinheiro” foram encontrados na casa de Kaili, segundo relatou uma fonte judicial – por ter sido aparentemente pega em flagrante, ela não estaria protegida pela imunidade parlamentar.

Uma outra fonte judicial belga relatou à agência de notícias AFP que os investigadores acreditam que pessoas que representam a monarquia do Catar subornaram políticos europeus para que disseminassem uma imagem positiva do emirado do Golfo Pérsico.

O Catar é um importante fornecedor de energia para a Europa e desempenha um relevante papel de intermediário em alguns temas diplomáticos, mas também tem sido criticado por supostos maus-tratos a trabalhadores migrantes, especialmente aqueles que trabalharam na construção dos estádios da Copa do Mundo de 2022.

A eurodeputada Eva Kaili se encontrou com o ministro do Trabalho do Catar, Ali bin Samikh Al Marri, em 31 de outubro

Kaili visitou o Catar em outubro

Kaili visitou o Catar pouco antes do início do Mundial e classificou o país-anfitrião como “vanguarda nos direitos trabalhistas”, o que causou consternação de ativistas e de alguns de seus colegas no Parlamento Europeu. Kaili também defendeu a tentativa do Catar de obter isenções de visto da UE para seus cidadãos.

O Catar negou qualquer envolvimento no escândalo. “Qualquer alegação de má conduta do Estado do Catar é uma grave desinformação”, disse o governo catariano.

O advogado de Kaili, Michalis Dimitrakopoulos, disse ao canal grego de televisão Open TV que a eurodeputada se declara inocente. “Ela não tem nada a ver com os subornos do Catar”, afirmou. Questionado se algum dinheiro foi encontrado na casa de Kaili, o advogado desconversou: “Não estou confirmando nem negando. Há confidencialidade. Não tenho ideia se dinheiro foi encontrado ou quanto foi encontrado.”

A investigação abalou o Parlamento Europeu e Metsola, que, em uma tentativa de defender a integridade do órgão, procurou retratar os supostos subornos como um ataque à democracia. Mas alguns eurodeputados alertaram para a possibilidade de haver mais revelações. “Receio que o que estamos vendo seja apenas a ponta do iceberg”, disse o social-democrata alemão Rene Repasi.

Metsola também afirmou que a proposta de isenção de visto da UE para cidadãos do Catar será enviada de volta a um comitê parlamentar para uma avaliação mais minuciosa, o que pode atrasar ou até inviabilizar a medida.

Nesta quinta-feira, o Parlamento Europeu deve votar – e aprovar – um segundo texto que pede mais transparência para impedir a corrupção em instituições europeias.

 

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