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Overtourism: entenda por que cidades europeias querem conter o ‘turismo excessivo’

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Foto: Vincenzo Pinto / AFP

Taxas de entrada e hospedagem, além de restrições de visitantes a monumentos históricos, tentam frear aumento de preços e poluição sonora causada pelo turismo de massas

Enquanto o turismo brasileiro colhe os frutos da temporada de férias aquecida, há cidades e países ao redor do mundo que pretendem implementar cobranças aos viajantes, como impostos, por conta do fenômeno conhecido como overtourism, ou excesso de turismo. A maior parte desses lugares fica na Europa, que recebe um número recorde de visitantes.

Balanço recente da operadora de turismo CVC, referente ao primeiro trimestre de 2023, mostra um aumento de 71% na demanda de viagens internacionais em relação ao mesmo período de 2022.

Os dados revelam também que a Europa está se tornando o paraíso dos turistas brasileiros, com a procura por cidades como Lisboa e Paris desbancando Miami. Na Booking.com, Paris, Londres, Barcelona e Roma ganharam destaque entre as principais buscas globais.

Especialistas dizem que os brasileiros agora querem viagens mais imersivas, em destinos com ampla oferta cultural e gastronômica. Por isso, cidades americanas, onde as atividades são mais focadas em entretenimento e compras, estão caindo nos rankings.

Preservação da cultura local

Os países da Europa são reconhecidamente destinos turísticos consolidados, muito em função da grande concentração de patrimônio cultural e arquitetônico preservados, segurança, estabilidade política e econômica, infraestrutura de transporte, hospedagem e diversidade de paisagens.

Autoridades europeias, preocupadas com a preservação de monumentos, tentam restringir o número de visitantes, impondo limites de capacidade máxima aos locais ou aplicando taxas para encarecer as viagens.

De acordo com Vitor Stuart de Pieri, professor do Departamento de Turismo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), essas medidas são pensadas para conter problemas trazidos pelo turismo de massa, como o encarecimento dos aluguéis com a expansão das plataformas de hospedagem.

— Isso leva à gentrificação: a mudança forçada da população local para áreas mais distantes da região central. É um fenômeno muito comum nos grandes centros urbanos europeus — disse.

Pieri conta que está crescendo também o fenômeno da “turismofobia”, a aversão da população local ao turismo. Com mais pessoas na cidade, os alimentos aumentam de preço e as ruas se tornam mais barulhentas, o que perturba os moradores.

— Em Barcelona, por exemplo, estão proibindo guiamento de grupos acima de trinta pessoas e a utilização de megafones — disse.

Taxa de entrada

Veneza, na Itália, planeja aderir a uma taxa de entrada nos dias mais movimentados do ano, mas já adiou a data de implementação ao menos duas vezes. O projeto começou a ser desenhado em 2019, diante da preocupação das autoridades locais com as estruturas históricas da cidade.

Levantamento da empresa de pesquisa de mercado Demoskopia demonstra ser provável que a Itália ultrapasse o recorde de turistas e pernoites de 2019, antes da pandemia. É o que espera também o Ministério do Turismo.

Ao Wall Street Journal, a pasta afirmou que aguarda resultados bem altos em 2023, na mesma linha das estimativas de autoridades espanholas e gregas.

Limite de visitantes

Em entrevista ao jornal francês Le Figaro, publicada em 18 de junho, a ministra do Comércio, Artesanato e Turismo da França, Olivia Grégoire, anunciou um novo plano para regular o fluxo de visitantes nos principais pontos turísticos do país.

O governo contará com uma equipe para identificar os locais de maior risco e lançar circuitos alternativos, fora dos horários lotados. Também estão previstas campanhas de conscientização e aumento nas restrições de acesso a determinados pontos culturais.

Taxa de hospedagem

Em Amsterdã, na Holanda, é cobrada uma taxa turística para quem oferece hospedagem paga a visitantes de fora da cidade, o que aumenta os custos de quem pretende se aventurar na capital.

O imposto se aplica não só a hotéis, apartamentos e parques de campismo, mas também a moradores que alugam cômodos das suas casas.

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