Andrei Belousov diz que os EUA e aliados no bloco reservaram a capacidade de usar armas nucleares a qualquer momento, por qualquer motivo e contra qualquer Estado.
No futuro, os países da OTAN podem justificar qualquer uso de armas nucleares, alertou Andrei Belousov, vice-primeiro-ministro da Rússia, em declaração sobre a 10ª Conferência de Revisão das Partes do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
Belousov apontou para a atribuição final da OTAN como um bloco político-militar nuclear, “que está diretamente explicitada na declaração final da cúpula da aliança em Madri”, realizada em junho deste ano.
“A comunidade do TNP ainda não analisou as consequências dessa circunstância, o que torna necessário um olhar diferente sobre a situação dos membros não nucleares do bloco, especialmente aqueles em cujo território as armas nucleares americanas estão implantadas.”
Ele acrescentou que os países não nucleares do bloco devem analisar como a presença de armas nucleares estrangeiras e sua participação na aliança são combinadas com suas obrigações no TNP.
Segundo Belousov, Moscou há muito faz um questionamento semelhante em relação às “missões nucleares conjuntas” da OTAN para testar o uso de armas nucleares, nas quais membros não nucleares da aliança estão ativamente envolvidos.
Ele destacou que Moscou já ouviu mais de uma vez declarações de que essa prática não contraria o TNP, e que a realização de tais missões foi supostamente acordada na fase de preparação do Tratado.
“Consideramos tais argumentos nada mais do que desculpas para justificar ações que vão contra as principais disposições do TNP, reconhecidas como a pedra angular da segurança internacional”, destacou Belousov.
“Se somarmos todos esses fatos, a conclusão sugere que, no futuro os Estados membros da OTAN podem justificar qualquer uso de armas nucleares. Aliás, há todas as razões para tal conclusão”, acrescentou.
Ele explicou que os documentos doutrinários dos EUA estipulam o uso de armas nucleares sob o pretexto de ameaçar seus próprios interesses vitais ou os de seus aliados.
“Uma análise desta tese leva à conclusão de que os Estados Unidos reservaram a capacidade de usar armas nucleares a qualquer momento, por qualquer motivo e contra qualquer Estado, simplesmente declarando que seus interesses vitais são afetados. E essa é a ameaça real de uma guerra nuclear. Especialmente considerando o fato de que os Estados Unidos continuam sendo o único Estado a colocar seu arsenal nuclear em prática”, concluiu.
Belousov lembrou que as tentativas feitas pela Rússia no final de 2021 para reduzir as tensões entre os Estados Unidos e a Rússia, para tornar a situação na Europa e no mundo mais estável e previsível, não encontraram apoio nem compreensão por parte dos EUA e seus aliados da OTAN.
