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Na Venezuela, Guaidó depõe em meio à epidemia da covid-19

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O oposicionista é acusado pelo governo de Nicolás Maduro de tentativa de golpe de Estado

Guaidó: crise política e econômica dificultam o combate à pandemia na Venezuela (Fausto Torrealba/Reuters)

Embora a crise provocada pelo novo coronavírus seja hoje a maior preocupação na Venezuela e no mundo, a disputa de poder entre o presidente chavista Nicolás Maduro e o oposicionista Juan Guaidó continua longe do fim no país.

Nesta quinta-feira, 2, Guaidó, que se autoproclamou presidente da Venezuela em janeiro de 2019, foi convocado a prestar esclarecimentos ao Ministério Público sob a acusação de “golpe de Estado”. Vale lembrar que Guaidó é reconhecido por mais de 50 países como o presidente interino, com amplo apoio dos Estados Unidos.

O depoimento de Guaidó acontece na semana em que os Estados Unidos propuseram estabelecer uma espécie de governo de transição, unindo a oposição e o atual governo venezuelano. Em troca, as sanções econômicas impostas contra o regime chavista seriam retiradas. Segundo Mike Pompeo, secretário de Estado americano (espécie de ministro das Relações Exteriores dos Estados Unidos), o fim das sanções ajudaria o governo a lidar com os problemas da pandemia.

Até ontem, a Venezuela tinha 143 casos confirmados no país e 3 mortes. Mas Juan Guaidó diz que o número real é bem maior, já que a maior parte dos casos é subnotificada. O sistema de saúde da Venezuela está debilitado por causa da falta de materiais e de profissionais. Além disso, a crise econômica dificultou o acesso a produtos básicos de higiene, como sabonete para lavar as mãos, e existem problemas no fornecimento de água em várias regiões do país.

O governo venezuelano decretou quarentena completa no país, proibiu os voos internacionais e ordenou o fechamento das escolas e do comércio. Nas últimas semanas, a China enviou dois carregamentos com 77 toneladas de equipamentos médicos e insumos que podem auxiliar no diagnóstico e no tratamento da doença.

A fronteira da Venezuela com o Brasil foi uma das primeiras a serem fechadas pelo governo brasileiro, no último dia 18, por causa do risco de propagação do vírus na região. Na terça-feira, 31, o fechamento da fronteira foi prorrogado por mais 30 dias.

Apesar da situação crítica, Maduro está irredutível. O chavista chamou de “aberração” a proposta dos Estados Unidos. “A Venezuela é um país livre, soberano, independente e democrático que não aceita, nem aceitará jamais tutela alguma de nenhum governo estrangeiro”, disse ele em comunicado.

Os próximos dias, portanto, prometem ser de tensão na Venezuela. Ainda mais considerando alertas dos Estados Unidos de que qualquer tentativa de prisão de Guaidó pelo regime seria “o último erro” de Maduro.

Apoio do Brasil

O Brasil apoia a proposta apresentada pelos Estados Unidos de que haja uma renúncia conjunta do ditador venezuelano Nicolás Maduro e do autoproclamado presidente do país vizinho, Juan Guaidó, como um dos caminhos para uma transição democrática, informou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado nesta quarta-feira.

Segundo o Itamaraty, há uma concordância do Brasil com a “proposta de uma Moldura Institucional para a Transição Democrática na Venezuela”, apresentada na véspera pelos EUA. Disse que ela é um “instrumento capaz” de contribuir para o restabelecimento da democracia na Venezuela.

“De maneira convergente com a proposta, o governo brasileiro considera que somente a realização de eleições presidenciais livres, justas e transparentes poderá pôr fim à grave crise política, econômica e humanitária por que passa a Venezuela”, disse.

“Considera, igualmente, que a saída de Nicolás Maduro é condição inicial para o processo, uma vez que ele carece de qualquer legitimidade para ser parte numa transição autêntica”, completou.

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