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Macron viaja aos EUA para falar sobre Ucrânia e protecionismo com Biden

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Segundo Belin, os americanos têm interesse em manter uma relação próxima com este aliado que defende uma “autonomia estratégica” da Europa

Macron e Biden se encontraram recentemente à margem de uma reunião do G20 na Indonésia (AFP/AFP Photo)

O presidente francês, Emmanuel Macron, vai realizar nesta semana sua segunda visita oficial aos Estados Unidos, onde espera expressar ao seu contraparte americano, Joe Biden, sua preocupação com o protecionismo americano e abordar a guerra na Ucrânia.

Mesmo lugar, mas com uma atmosfera diferente. Em 2018, o antecessor de Biden, Donald Trump, convidou seu colega para um encontro muito midiático entre dois líderes que, cada um à sua maneira, buscavam quebrar padrões.

Quatro anos depois, a parafernália será a mesma na Casa Branca, na quinta-feira (1), com o disparo de 21 salvas de canhão e um jantar de Estado. Mas o interesse diminuiu: Emmanuel Macron já não é uma novidade e Biden é menos fascinante.

Tanto o bilionário republicano, quanto o octogenário democrata, escolheram o presidente da segunda maior economia da União Europeia para recepcionar em sua primeira visita de Estado. Macron chegará ao país na noite de terça-feira (29) e partirá na sexta-feira, após uma escala em Nova Orleans.

“A França é o aliado mais antigo dos Estados Unidos”, disse à AFP um alto funcionário americano, para quem “esta visita se centra sobretudo na relação pessoal e na aliança” com este “parceiro vital”.

Do lado francês, sublinham que se trata de uma “honra que se presta mais à França do que a qualquer outro país europeu”. Mas, no fundo, também é sobre resolver uma crise pouco comum entre os dois aliados da Otan.

Em setembro de 2021, o anúncio de uma aliança entre Estados Unidos, Austrália e Reino Unido – batizada AUKUS – enfureceu a França, ao antecipar que Canberra quebraria um contrato bilionário para comprar submarinos franceses em benefício dos americanos.

Esta visita “é um pouco como o vestígio do AUKUS” e da aproximação feita desde então para curar essas feridas, explicou à AFP Célia Belin, pesquisadora convidada no centro de reflexão americano Brookings Institution.

Segundo Belin, os americanos têm interesse em manter uma relação próxima com este aliado que defende uma “autonomia estratégica” da Europa. “Os franceses nem sempre são fáceis de lidar. Mas quando franceses e americanos entram em acordo, há muito avanço”.

“Não somos aliados alinhados”

Além do protocolo, a Presidência francesa espera um diálogo “exigente”. “Não somos aliados alinhados”, garantiu um conselheiro presidencial.

Desde a invasão russa da Ucrânia, Macron apoia Kiev, mas também mantém um diálogo com Moscou para que, quando os ucranianos decidirem, a guerra termine “em volta de uma mesa de negociações”.

Em 13 de dezembro, vai organizar em Paris uma conferência de apoio à resistência civil na Ucrânia, mas promete voltar a falar com o seu contaparte russo, Vladimir Putin, “nos próximos dias”.

Inicialmente relutante, Washington parece caminhar para a mesma postura, já que seu comandante do Estado-Maior, o general Mark Milley, evocou uma possível janela de oportunidade para as negociações.

Mas Macron também quer uma “ressincronização” da resposta econômica de ambos os lados do Atlântico à crise provocada pelo conflito e, em geral, nas questões de transição ecológica e rivalidade com a China.

A lei americana de Redução da Inflação (“Inflation Reduction Act”, em inglês) deve ser o principal ponto de tensão, especialmente quando prevê investimentos maciços para a transição ecológica, acompanhados de generosos subsídios para produtos americanos, como veículos elétricos.

“Não ficaremos de braços cruzados” diante deste plano de investimentos visto como protecionista, garantiu a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne.

Macron espera obter “isenções” para algumas indústrias europeias, pois, segundo seus serviços, sabe que Biden não recuará neste plano politicamente crucial para o democrata.

A ideia é, em contrapartida, promover uma medida semelhante na UE para evitar deslocalizações em massa.

“A China privilegia sua produção, os Estados Unidos privilegiam sua produção. Talvez tenha chegado a hora de a Europa privilegiar sua produção”, disse no domingo o ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, ao canal France 3. Ele lamentou que o Velho Continente viva “ainda na globalização de ontem”, “aberta aos quatro ventos”.

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