terça-feira, 21/05/2024
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Lula ainda não atingiu teto de votos, mas crescimento de Bolsonaro ameaça petista

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Como o número de indecisos é baixo, a decisão sobre um eventual segundo turno está nas mãos dos eleitores de Ciro e Tebet

(Ricardo Stuckert/Alan Santos/Flickr)

As últimas pesquisas eleitorais para a Presidência da República mostram que a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está estagnada, embora ele ainda lidere as intenções de voto. Ao mesmo tempo, o principal adversário do petista, Jair Bolsonaro (PL), comemora os dados recentes, que apontam queda na rejeição do governo e aumento de pessoas dispostas a votar nele.

Entre altos e baixos, o ex-presidente oscilou entre 40% e 44% das intenções de voto nos últimos seis meses. O pior momento, até agora, foi em março, quando bateu os 40%. Já Bolsonaro foi de 27% das intenções de voto, em fevereiro, para 36% em agosto, uma alta de nove pontos percentuais.

No último mês, o presidente subiu de 33% para 36%, encostando nos números que Lula registrava em março. Bolsonaro é o candidato que mais se destaca em crescimento, seguido de Simone Tebet (MDB), que foi de 0,4% para 4% em seis meses. Ciro Gomes (PDT) fica entre 7% e 10% desde fevereiro.

O fato de Lula estar aparentemente parado nas pesquisas não significa, no entanto, que ele atingiu o teto de votos — nem Bolsonaro. Especialistas avaliam que os dois ainda têm espaço para crescer. Como o número de indecisos é baixo, com 3% que não sabem em quem votar, a decisão sobre um eventual segundo turno está basicamente nas mãos dos eleitores de Ciro, que tem 9% do eleitorado, e de Tebet, que tem 4%.

Por semelhanças ideológicas, Lula tem mais chances de crescer entre os eleitores do pedetista, segundo especialistas. Já Bolsonaro tem uma missão mais difícil, porque precisa conquistar até mesmo votos de Lula para conseguir ultrapassar o petista, diz Maurício Moura, fundador do IDEIA.

“O presidente cresceu, até agora, entre pessoas que, de qualquer modo, dificilmente votariam no PT. Para ganhar, tem que ir além do antipetismo e reconverter, inclusive, quem votou em Bolsonaro em 2018 e não vota mais”, afirma Moura. O potencial de crescimento de cada um depende, em grande parte, do tamanho da rejeição dos candidatos, explica.

No caso de Lula, 42% das pessoas dizem que não votariam nele “de jeito nenhum”. Em tese, ele tem espaço para conquistar até 58% do eleitorado. Em fevereiro, porém, a rejeição ao petista era menor, de 37%. “É natural que aumente, porque, no início do ano, Lula estava mais discreto e evitava até dizer que seria candidato. Agora, está exposto”, afirma o gerente de análise política e econômica da Prospectiva, Adriano Laureno.

Enquanto a rejeição de Lula aumentou, a de Bolsonaro diminuiu nos últimos seis meses, de 47% para 45% — uma mudança desconsiderável, se for levada em conta a margem de erro da pesquisa, de três pontos percentuais para mais ou para menos, mas que indica que ele também ainda não atingiu o teto de votos.

Sinal de alerta

“O grande desafio de Bolsonaro é fazer com que Lula seja mais rejeitado do que ele”, diz Laureno. Nesse sentido, a melhora observada na avaliação da gestão Bolsonaro acende o sinal de alerta na campanha de Lula. Em fevereiro, 25% dos entrevistados diziam que o governo atual era bom ou ótimo. Essa foi a opinião de 34% na pesquisa de agosto.

A quantidade que o avalia negativamente não variou tanto. Em fevereiro, metade dos entrevistados considerava o governo ruim ou péssimo. Esse percentual caiu para 44% em abril e se manteve nesse patamar até julho, quando subiu para 48%. Mas, em agosto, voltou a cair, indo para 46%.

Costuma haver uma correlação grande entre quem avalia o presidente como bom ou ótimo e quem vota nele no primeiro turno, diz Laureno. “O principal ganho que Bolsonaro teve nos últimos meses foi essa melhora na aprovação do governo, que está completamente ligada ao aumento que ele teve na intenção de voto”, explica.

Há interpretações diferentes sobre o principal motivo do crescimento de Bolsonaro. Laureno acredita que tem muito a ver com as políticas econômicas recentes, que levaram à queda dos preços dos combustíveis e ao aumento de benefícios, por exemplo. Já Moura considera que muitos dos novos votos de Bolsonaro se devem ao antipetismo, reflexo da rejeição a Lula.

Nos meses anteriores, ainda havia dúvidas sobre quem concorreria, de fato, à Presidência, com vários nomes despontando como opção de “terceira via” entre Lula e Bolsonaro, que poderiam conquistar muitos dos votos antipetistas. Com as desistências nesse campo, como de Sérgio Moro (União Brasil) e de João Doria (PSDB), o eleitor que rejeita o PT tem se acomodado mais para o lado de Bolsonaro, observa Moura.

Os candidatos ainda não atingiram o teto, mas se deparam com uma dificuldade em comum: 83% dos eleitores dizem que já estão decididos quanto ao voto, o que indica pouco espaço para mudanças de rota. O nível de definição está muito acima de anos anteriores, afirma o fundador do IDEIA. Nessa mesma época, em 2018, metade do eleitorado ainda não tinha certeza sobre o voto.

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