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EUA usam a Ucrânia para atacar Putin e o BRICS, diz analista

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A África do Sul espera contar com a presença do presidente da Rússia, Vladimir Putin, na cúpula do BRICS, que será realizada no país em agosto. Especialista ouvido pela Sputnik Brasil acredita que o grupo precisa acolher Putin e adotar uma posição coesa sobre a crise na Ucrânia.

© Sputnik / Mikhail Metsel
O embaixador sul-africano em Moscou, Mzuvukil Maketuk, disse em entrevista recente à Sputnik que o país enviará um convite oficial a Putin. “Definitivamente lhe enviaremos um convite e esperaremos por ele”, afirmou.
Para o historiador e sociólogo Williams Gonçalves, professor de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a presença de Putin é fundamental para a cúpula do BRICS. O especialista concedeu entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, nesta segunda-feira (30).
Gonçalves comentou com as jornalistas Melina Saad e Thaiana de Oliveira o papel que a África do Sul assume no comando do BRICS e a importância do grupo buscar uma maior coesão nesse próximo encontro, em especial por conta do conflito entre Rússia e Ucrânia.

“[Na cúpula] deve ser discutida uma maior coesão, o retorno do BRICS a suas origens. O Brasil e a África do Sul andaram afastados. É necessária a recomposição das forças do BRICS. É necessário discutir uma coesão para a crise da Rússia com a Ucrânia que seja satisfatória. O desafio é grande, mas eu penso que os chefes de Estado têm estatura suficiente para apontar caminhos e apresentar soluções.”

Para o especialista, as provocações feitas pelo Ocidente na Ucrânia forçaram a Rússia a tomar a decisão de realizar a operação militar especial. Segundo Gonçalves, o objetivo dos Estados Unidos e dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com isso é tentar afetar a liderança de Putin. O professor da UERJ comparou essa provocação com os processos que fragilizaram as instituições no Brasil e na África do Sul com o suposto argumento de combate à corrupção.

“A participação do presidente Vladimir Putin [na cúpula] seria fundamental porque o que acontece com a Rússia é um problema do BRICS. África do Sul e Brasil sofreram ataques violentíssimos por pertencer ao BRICS. Aquele processo de denúncia e desestruturação do Estado sob o pretexto de combate à corrupção foi um combate ao BRICS, foi uma tentativa de alijar os dois do BRICS. E o mesmo acontece com a Rússia. Então o problema da Rússia deve ser visto como um problema do BRICS”, afirmou.

Gonçalves se diz convicto de que “a provocação que os Estados Unidos e a OTAN fizeram à Rússia por meio da Ucrânia foi uma forma de desgastar a liderança política do presidente Vladimir Putin e de desgastar as Forças Armadas da Rússia às custas das vidas ucranianas”. “Zelensky se prestou a esse papel de trair o povo ucraniano lançando-o em uma guerra insensata que só tem como objetivo atender às necessidades dos EUA e da OTAN”, apontou.

“Portanto, o BRICS deve acolher o presidente Vladimir Putin. O palco do BRICS deve ser um palco para o presidente Putin colocar essas questões e discutir essas questões”, completou.

O especialista destaca que esse tipo de operação é uma resposta à contestação que o BRICS faz da ordem internacional, “que é uma ordem internacional que coloniza, que segue sob controle dos Estados Unidos e dos seus aliados”.
“A ordem internacional que o BRICS deseja — e é a razão pela qual os países que o formam se reuniram — é uma ordem internacional que seja democrática, multipolar, multilateral e que abra espaço a evolução econômica e social dos países da periferia. O BRICS representa uma liderança política feita pelos grandes países da periferia para mudar a ordem internacional de caráter colonialista.”
O sociólogo Argemiro Procópio Filho, professor do Instituto de Relações Internacionais (Irel) da Universidade de Brasília (UnB), também concedeu entrevista ao Mundioka e apontou que o fortalecimento do BRICS passa justamente pela união entre os membros. O especialista aponta que seria um erro se afastar da Rússia nesse momento e elogiou a atuação do Brasil diante do conflito.

“Nós não temos nada a ver com essa guerra. O Brasil, historicamente, quando se manteve neutro em conflitos internacionais, nós só ganhamos. A posição do Brasil de ter boas relações com a Rússia e essa reaproximação com a China são muito positivas. E sem esquecer a Índia, que é um país importantíssimo para nós, e a África do Sul”, afirma o professor da UnB.

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