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Desmatamento na Amazônia cai 33,6% no primeiro semestre

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PER-ANDERS PETTERSSON (GETTY IMAGES)

Somente em junho, redução foi de 41%, atingindo menor nível de devastação desde 2018, apontam dados do Inpe. Ao mesmo tempo, desmatamento semestral aumenta no Cerrado. Queimadas também preocupam.

O desmatamento na Amazônia caiu 33,6% no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado, indicam dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados nesta quinta-feira (06/07) pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

Os números são considerados preliminares e foram coletados pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do Inpe, que monitora alterações na cobertura florestal.

De acordo com o Deter, o acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia foi de 2.649 km² entre janeiro e junho, frente a 3.988 km² nos primeiros seis meses de 2022. Esta é a menor área devastada no período desde o primeiro semestre de 2019 (2.446 km²).

A queda verificada no primeiro semestre deste ano se sucede a uma alta de 54% registrada na segunda metade de 2022, quando a área sob alertas de desmatamento foi de 4.803 km².

O balanço apresentado para o primeiro semestre também mostra que Mato Grosso superou o Pará como estado com maior área sob alerta de desmatamento, com 34% do total contabilizado.

Amazônia tem melhor junho desde 2018

Somente em junho de 2023, considerado um dos meses de maior risco de desmatamento por estar no período seco, a queda na devastação chegou a 41% em comparação com o mesmo mês de 2022, passando de 1.120 km² para 663 km².

O desmatamento no sexto mês deste ano foi o menor para junho desde 2018 (488 km²), antes da presidência de Jair Bolsonaro.

Embora não tenha a finalidade de medir com precisão áreas desmatadas, o Deter aponta tendências com o objetivo de orientar a fiscalização. A taxa anual de desmatamento é medida sempre de agosto a julho por outro sistema do Inpe, o Prodes, e deverá ser divulgada somente em novembro.

Devastação em alta no Cerrado

No Cerrado, o Inpe verificou uma queda de 14,6% na devastação em junho frente ao mesmo mês do ano passado (de 1.026 km² para 876 km²).

Na comparação semestral, no entanto, houve uma alta de 21% em relação aos primeiros seis meses de 2022 (de 3.638 km² para 4.408 km²). O desmatamento superou o recorde anterior, de 2018, quando 3.774 km² foram devastados nos primeiros seis meses do ano, segundo o Deter.

No caso do Cerrado, 81% do desmatamento está concentrado nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e da Bahia, conhecidos como região Matopiba. Entre eles, o maior peso está na Bahia, que concentra 28% das áreas sob alerta no bioma.

Mais fiscalização

Durante a apresentação dos números do Deter, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu seu terceiro mandato “com a decisão política de fazer um enfrentamento da questão da mudança do clima e do combate ao desmatamento, para alcançar desmatamento zero até 2030”.

O novo governo assumiu com o desafio de enfrentar uma alta da criminalidade e da impunidade na Amazônia, uma política ambiental desestruturada e órgãos de fiscalização paralisados e enfraquecidos deixados como herança por Bolsonaro.

“A redução do desmatamento na Amazônia se deve a um conjunto de ações de comando de controle que vão desde o aumento da fiscalização e dos embargos pelo Ibama a uma ação coordenada junto com os estados e a um processo de dissuasão que vem sendo feito, mostrando que não haverá conivência com a criminalidade”, disse Marina.

Na apresentação dos dados, o Ibama apontou que o número de autos de infração neste semestre subiu 166% na Amazônia, para 3.341, com a aplicação de R$ 2,3 bilhões em multas. Já no Cerrado, foram 417 autos de infração, com R$ 113,8 milhões em multas.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por sua vez, aplicou 1.141 autos de infração na Amazônia no primeiro semestre, o que representa um aumento de 348% em relação à média dos primeiros semestres dos quatro anos anteriores, com R$ 125 milhões em multas. Já no Cerrado, foram 56 autos de infração e R$ 13,4 milhões em multas.

Juntos, os dois órgãos de fiscalização apreenderam mais de 6 mil cabeças de gado em área de desmatamento ilegal na Amazônia.

Alta das queimadas

Paralelamente à queda do desmatamento, as queimadas aumentaram no mês de junho no país, segundo dados do sistema BDQueimadas, do Inpe.

Na Amazônia, foram 3.075 focos de incêndio registrados, uma alta de 20% frente a junho de 2022 e o maior número para o mês dos últimos 16 anos. No Cerrado, foram 4.472 focos de incêndio em junho deste ano, o que significa uma alta de 5,4% na comparação anual e o número mais alto registrado desde 2010.

O número de focos de incêndio na Amazônia aumentou exponencialmente nos últimos meses, de 768 em abril para 1.692 em maio e 3.075 em junho, e deve continuar aumentando. Isso porque julho marca o início do período seco na região (julho a outubro), quando os focos de incêndio costumam disparar.

Além disso, espera-se que os incêndios florestais aumentem ainda mais este ano em decorrência dos efeitos do fenômeno El Niño, que deve deixar a região ainda mais seca e com menos chuvas.

De acordo com o Inpe, a Amazônia acumulou 8.344 queimadas no primeiro semestre deste ano, número 10% maior do que o registrado nos primeiros seis meses de 2022 (7.533) e o maior para o período nos últimos quatro anos, ficando atrás apenas do medido entre janeiro e junho de 2019 (10.606).

No Cerrado, foram 10.322 focos de incêndio registrados no primeiro semestre de 2023. Do total de 23.356 focos registrados em todo o Brasil nos primeiros seis meses deste ano (número 3% maior do que no mesmo período de 2022: 22.670), 44,2% foram detectados no Cerrado e 35,7% na Amazônia.

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