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Mãe denuncia hospital do DF por negligência após cesárea: ‘Bebê não mama e não chora’

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Recém-nascida está internada em UTI neonatal de Santa Maria. Secretaria de Saúde diz que houve complicações ‘inesperadas’.

Thuany dos Santos Pereira e o marido, Abimael Tavares, alegam negligência médica durante parto cesárea no Hospital Regional de Santa Maria, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Uma bebê recém-nascida está internada na UTI neonatal do Hospital Regional de Santa Maria desde o parto – no dia 5 de janeiro – sem reflexos naturais, supostamente por complicações durante a cesárea.

A alegação da família é que houve “negligência da equipe médica” após quatro dias de espera, entre idas e vindas ao hospital, para fazer o procedimento. “A bebê não mama e não chora”, disse a mãe da criança, Thuany dos Santos Pereira.

Já a Secretaria de Saúde afirma que houve complicações “imprevisíveis” e “inesperadas” (leia íntegra ao final).

A mãe da criança diz ainda que havia procurado a unidade de saúde por quatro dias consecutivos – desde 1º de janeiro. Ela afirma que, em todas as ocasiões, sentiu fortes dores, mas foi orientada pelos médicos a voltar para casa.

A explicação do hospital era que Thuany estava com 38 semanas de gestação, período inferior ao recomendado pelo Ministério da Saúde para a realização de cesárea. O órgão federal indica que o procedimento seja feito a partir da 39ª semana.

Thuany também não se encaixava nos pré-requisitos para fazer um parto normal. Segundo ela, os médicos diziam que o colo do útero estava “fechado”, sem contrações e que os sinais vitais da bebê estavam normais.

No entanto, a advogada da família, Thaise Dias Lima de Souza, afirma que Thuany estava com 38 semanas e 5 dias quando esteve no hospital pela primeira vez. No dia da cesária, a gestante estava com 39 semanas e 2 dias.

“O que chama mais atenção é que ela sempre entrava no hospital com os documentos. Todos eles, pré-natal e cartão de gestante, atestavam a semana em que realmente estava.”

No quarto dia de busca por atendimento médico, a mulher acabou sendo submetida a uma cesárea porque, segundo relatos da paciente, a bebê corria risco de vida. Neste dia, Thuany esteve duas vezes no hospital, às 6h, quando passou por avaliação médica e foi dispensada, e às 14h, quando precisou ser internada.

Complicações no parto

Centro Obstétrico do Hospital Regional de Santa Maria, no Distrito Federal — Foto: TV Globo/Reprodução
Centro Obstétrico do Hospital Regional de Santa Maria, no Distrito Federal — Foto: TV Globo/Reprodução

Durante a cesárea, houve “falta de oxigenação” para a bebê e, desde então, a recém-nascida não reage a estímulos externos. “Ela não consegue respirar sozinha, ela não se mexe direito”, disse Thuany à reportagem.

“Coisas simples que um bebê podia fazer, ela não consegue, como chorar, piscar o olho, tossir, mamar.”

A Secretaria de Saúde afirma que Thuany não passou pelo procedimento na manhã do dia 5 de janeiro, porque não apresentou contrações rítmicas, estava com o colo uterino fechado e a vitalidade da bebê era normal –”características de que ela não estava em franco trabalho de parto”, de acordo com a pasta.

“Por essa razão, foi orientada a retornar para residência e, caso houvesse aumento nos quadros de contrações, retornar ao hospital.”

Centro Obstétrico do Hospital Regional de Santa Maria, no Distrito Federal — Foto: TV Globo/Reprodução
Centro Obstétrico do Hospital Regional de Santa Maria, no Distrito Federal — Foto: TV Globo/Reprodução.

Quando Thuany voltou, cerca de oito horas depois, estava “com ruptura uterina inesperada e imprevisível”, segundo a secretaria. “Ela foi prontamente atendida e levada ao centro cirúrgico, sendo a cesariana devidamente realizada.”

A pasta afirma ainda que “nenhum exame poderia diagnosticar a possibilidade de ruptura do útero” e que a equipe médica havia levado em consideração o fato de Thuany ter feito um parto normal há cerca de dois anos, “sem complicações”.

Na cesárea, porém, a mulher teve um rompimento no útero e passou por uma laqueadura – procedimento cirúrgico que liga as trompas uterinas para interromper o percurso dos ovócitos até o útero e, assim, evitar a gravidez.

Thuany diz que teve uma gestação “tranquila” e que não se deparou com qualquer “anormalidade” durante o pré-natal. Ela e o marido, Abimael Tavares, registraram boletim de ocorrência sobre o caso.

O que diz o GDF?

Em nota, a Secretaria de Saúde disse:

“O Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) informa que, inicialmente, T.P [Thuany] não recebeu indicação de cesariana , porque a paciente ainda estava com 38 semanas de gestação. Conforme o protocolo do Ministério da Saúde, o parto cesáreo deve ser realizado apenas após 39 semanas de gestação em pacientes sem complicações, o que não era o caso dela.

Esclarecemos que em cinco de janeiro (5/1), às seis horas da manhã, ela foi avaliada pelo médico plantonista, sem apresentar contrações rítmicas, com colo uterino fechado, vitalidade fetal normal, características de que ela não estava em franco trabalho de parto. Por essa razão, foi orientada a retornar para residência e, caso houvesse aumento nos quadros de contrações, retornar ao hospital.

Por volta das 14 horas, a paciente retornou já com um quadro de complicação, com ruptura uterina inesperada e imprevisível. Ela foi prontamente atendida e levada ao centro cirúrgico, sendo a cesariana devidamente realizada.

Ressalte-se que nenhum exame poderia diagnosticar a possibilidade de ruptura do útero. Além disso, foi levado em consideração que ela já havia tido um parto normal há cerca de dois anos, sem complicações.

A paciente está de alta hospitalar e o recém-nascido continua sob cuidados da UTI Neonatal, recebendo toda atenção necessária por parte da equipe médica do HRSM.”

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