Prestações de financiamentos imobiliários indexados à inflação trazem preocupação aos consumidores devido ao aumento do valor das parcelas que nem sempre é acompanhado pelo crescimento da renda, segundo estudo divulgado pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira (17/10).
A autoridade monetária aponta que, mesmo que a renda costume acompanhar a inflação, o tempo que esse ajuste leva pode prejudicar o orçamento familiar, dificultando o pagamento das prestações e levando ao atraso nas quitações.
Esse cenário é especialmente prejudicial para famílias de baixa renda, que geralmente têm menor folga financeira para lidar com variações expressivas nas prestações.
O Banco Central explica que, em períodos de alta inflação, a diferença entre a variação da renda e o valor das parcelas tende a ser mais acentuada, o que pode causar um impacto significativo no comprometimento do orçamento dos mutuários.
Proposta para amortização
O estudo sugere uma adaptação dos sistemas de amortização Price e Sistema de Amortização Constante (SAC), incluindo um componente que aumenta a amortização e reduz a sensibilidade das parcelas à inflação.
Na prática, a proposta do BC é que a correção pela inflação seja incorporada diretamente nas parcelas já no início dos contratos, em vez de serem atualizadas periodicamente, buscando reduzir a volatilidade e aumentar a previsibilidade do valor das prestações, garantindo maior estabilidade no comprometimento da renda mesmo em períodos com inflação elevada.
No sistema Price, as parcelas permanecem fixas durante todo o financiamento; no SAC, as parcelas iniciam mais altas e vão diminuindo com o passar do tempo, conforme os juros vão sendo abatidos.
Conforme o banco, o componente adicional na parcela absorve as oscilações da inflação: se esse componente for maior que a inflação, a prestação diminui nominalmente; se for menor, a parcela aumenta, porém, no máximo, pela diferença, diluída no prazo restante.
“Essa abordagem proposta diminui de forma relevante a variação nominal das parcelas, melhorando a previsão do valor a ser pago e proporcionando maior estabilidade no orçamento, mesmo em cenários de alta inflação. Portanto, mesmo com contratos corrigidos pela inflação, as parcelas apresentam comportamento mais alinhado ao sistema de amortização aplicado”, afirma o BC.