O Fundo Verde para o Clima (GCF, na sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU) registrou um ano histórico em aprovações de projetos destinados a países vulneráveis às alterações climáticas. Segundo a liderança do GCF, esse sucesso é resultado, especialmente, das reformas que visam diminuir a burocracia.
Baseado em Songdo, Coreia do Sul, e operando desde 2015, o GCF é o maior fundo multilateral mundial dedicado à ação climática. Desde sua fundação, mobilizou US$ 19,3 bilhões (R$ 104 bilhões) e pretende alcançar US$ 50 bilhões (R$ 269 bilhões) até 2030.
O GCF foi criado para direcionar recursos dos países desenvolvidos – historicamente os principais responsáveis pelas mudanças climáticas – para nações em desenvolvimento, com o propósito de auxiliá-las a se adaptar ao aquecimento global e a reduzir suas emissões.
Este ano, o fundo divulgou a captação recorde de US$ 3,26 bilhões (R$ 17,53 bilhões), valor que supera significativamente os US$ 2,9 bilhões (R$ 15,6 bilhões) arrecadados em 2021, seu segundo melhor desempenho anual.
Esse montante inclui US$ 295 milhões (R$ 1,1 bilhão) para um projeto de dessalinização e distribuição de água na Jordânia, considerado como “essencial” pelo país do Oriente Médio, que enfrenta uma severa crise hídrica. Esta é a maior doação individual já concedida pelo GCF.
“Em um momento complexo no cenário geopolítico, esse comprometimento expressivo do maior fundo multilateral para o clima representa um sinal positivo em meio a diversas notícias menos animadoras”, declarou Mafalda Duarte, diretora do fundo, em entrevista antes da COP30, que ocorrerá entre 10 e 21 de novembro, em Belém, Pará.
Entre os desafios mencionados pela diretora estão a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris e a diminuição da ajuda financeira por parte de alguns países europeus, devido a questões econômicas.
Mafalda Duarte atribui o recorde de aprovações às reformas administrativas feitas desde que assumiu a direção do GCF em 2023: “Assumi uma agenda de mudanças para fazer do GCF uma instituição eficiente e ágil, ajustada à rapidez e à escala dos investimentos necessários.”
Como exemplo, o período para revisão de projetos foi reduzido de dois anos para nove meses, e o processo de credenciamento de parceiros, como agências nacionais e bancos, foi encurtado de três anos para nove meses.
A diretora também defende o uso de empréstimos a juros baixos para projetos com fins lucrativos, argumentando que isso potencializa os recursos dos doadores e beneficia os países em desenvolvimento.
O financiamento do projeto na Jordânia, assim como grande parte das atividades do GCF, combina empréstimos e doações, assunto delicado no campo do financiamento climático. Países em desenvolvimento e organizações sem fins lucrativos frequentemente criticam os empréstimos por aumentarem o endividamento e sobrecarregarem nações de baixa renda.
No entanto, Mafalda Duarte ressalta que, enquanto as doações são adequadas para os países mais vulneráveis, elas não atendem completamente às necessidades, especialmente ao ajudar parceiros do setor privado a obter lucro.
O Fundo Verde para o Clima oferece empréstimos com condições “concessionais”, ou seja, com taxas de juros muito inferiores às disponíveis no mercado comercial para países com classificação de investimento médio ou baixo.
As doações, que compõem cerca de 45% do financiamento do fundo, são insuficientes para cumprir as metas do Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a 1,5 °C em relação à era pré-industrial.
Para Mafalda Duarte, a COP30 será considerada um sucesso se houver foco na “responsabilidade” com novos e efetivos compromissos, e não apenas em promessas simbólicas.
Redução do desmatamento na Amazônia
Outra notícia positiva divulgada recentemente, pela administração brasileira, é a diminuição do desmatamento na Amazônia brasileira, que caiu 11% em comparação ao ano anterior.
Foram desmatados 5.796 km² na maior floresta tropical do planeta entre agosto de 2024 e julho de 2025, registrando o índice mais baixo em 11 anos.
Os dados foram obtidos por satélites do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Essa é a quarta queda consecutiva e corresponde à taxa oficial de desmatamento no Brasil.
No período anterior, de agosto de 2023 a julho de 2024, o índice alcançou 6.518 km², uma redução de 30% em relação aos 12 meses anteriores. O número divulgado é também o terceiro menor desde o início dos registros, em 1988.

