terça-feira, 23/04/2024
19.5 C
Brasília

Longa ‘Era uma vez Brasília’ leva olhar político da periferia ao Festival de Brasília

Veja Também

- Publicidade -

Filme de Adirley Queiroz coloca Ceilândia na tela do Cine Brasília, nesta sexta. Na película, agente intergaláctico aterrissa no Brasil durante impeachment de 2016.

Cena do filme 'Era uma vez Brasília', de Adirley Queirós (Foto: Joana Pimenta/Divulgação)
Cena do filme ‘Era uma vez Brasília’, de Adirley Queirós (Foto: Joana Pimenta/Divulgação)

Um visitante extraterrestre é encarregado de matar o líder de uma nação em meio a um dos momentos mais importantes de sua história. Poderia ser ficção científica com seres de outro planeta, mas é cinema baseado em fatos reais. “Era uma vez Brasília”, filme que estrela o 50ª Festival de Brasília do Cinema Brasileiro nesta sexta-feira (22), às 21h, traz princípios de filme espacial, mas conta a realidade dos dias atuais.

O agente intergaláctico WA4 é enviado ao Planeta Terra e, mais especificamente, à Brasília com a missão de dar fim à vida do ex-presidente Juscelino Kubitschek no dia da inauguração da nova capital.

Sua nave se perde no tempo e no espaço, e ele aterrissa em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, em 2016, em meio às manifestações populares contra e favor ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Ao governo do Distrito Federal, o diretor falou sobre a motivação para a obra.

“Queremos contar a história do contexto no qual estamos inseridos. O Brasil pós-golpe vive um processo nebuloso, uma atmosfera apocalíptica. É isso que queremos materializar.”

Ceilândia, região onde a personagem principal chega à Terra, é o berço criativo de Adirley. Morador da cidade há 40 anos, é de lá que vem a inspiração para muitas de suas obras, como “Branco sai, preto fica” – longa-metragem vencedor do Festival de Brasília em 2014 – e “Rap, o canto da Ceilândia”, melhor curta da edição de 2005, pelos júris oficial e popular.

Cena do filme 'Era uma vez Brasília', de Adirley Queirós (Foto: Joana Pimenta/Divulgação)
Cena do filme ‘Era uma vez Brasília’, de Adirley Queirós (Foto: Joana Pimenta/Divulgação)

Festival politizado

Veterano da disputa, o cineasta elogia o tom politizado do festival. “Ele se distingue dos outros porque abre uma janela política, tem potência de agregar conhecimento e de se transformar em um espaço de reflexão”, diz Adirley, em material divulgado pelo GDF.

As filmagens de “Era uma vez Brasília” começaram em 2015. A obra contou com recursos de R$ 350 mil do Fundo de Apoio à Cultura (FAC).

Os atores de Ceilândia Wellington Abreu, Andreia Vieira, Marquim do Tropa e Franklin Ferreira dão vida aos personagens fictícios da película, filmada, principalmente, em cenários noturnos. Imagens documentadas das manifestações populares também compõem a narrativa do longa-metragem.

Cineasta Adirley Queirós, morador de Ceilândia há 40 anos (Foto: Renato Araújo/GDF/Divulgação)
Cineasta Adirley Queirós, morador de Ceilândia há 40 anos (Foto: Renato Araújo/GDF/Divulgação)

Para Adirley, os cenários noturnos retratam a realidade do país: “Temos clareza sobre o movimento que ocorre no Brasil, onde os direitos das classes populares e da periferia são ceifados”, disse o diretor ao governo do DF.

O diretor goiano, radicado no Distrito Federal desde 1975, também participa da produção do curta-metragem “Carneiro de Ouro”, de Dácia Ibiapina, que será projetado na tela do Cine Brasília nesta sexta. A diretora e professora de audiovisual da Universidade de Brasília (UnB) orientou o trabalho de conclusão de curso de Adirley na instituição e, desde então, ambos trabalham juntos no fomento do cinema do DF.

- Publicidade -

- Publicidade -

Recentes